Resenha:
A produção do Espaço
Norte-Rio-Grandense. ANDRADE, M. C.
O texto do professor Manuel Correia de Andrade visa chamar a
atenção dos interessados para a problemática espacial e o papel do desempenhado
pelo Estado norte-rio-grandense em nível local, nacional e na economia mundial.
O primeiro ponto levantado pelo texto é a questão do “Homem e espaço produzido”,
neste capítulo o autor nos leva a refletir sobre o homem no processo de
produção do espaço, levando em considerações as questões espaciais, sociais,
naturais, econômicas e afins. Enquanto o autor continua a discussão sobre a
produção de espaço, ele toca num ponto muito interessante sobre a visão e
transformação do meio natural, segundo o mesmo: “...o espaço geográfico é
social, é produto da ação do homem visando alcançar determinados objetivos e
que sua capacidade para transformar a natureza é muito grande.” (Andrade,
1995). Após algumas explicações levando em consideração o contexto
histórico, o texto trás uma análise determinista do processo de produção do
espaço norte-rio-grandense, dividindo-o em quatro pontos, tenta abordar todas
as perspectivas possíveis dentro do processo, sendo elas sociais, culturais,
econômicas, naturais e afins dentro dos pontos. Seguindo essa mesma linha, o
autor ainda trás mais dois grandes capítulos: “O MEIO NATURAL E A OCUPAÇÃO
DO ESPAÇO NO RIO GRANDE DO NORTE; O ESPAÇO NORTE-RIO-GRANDENSE E A OCUPAÇÃO DO
NORTE DO BRASIL”, nesses dois capítulos há uma grande gama de conteúdos
ricos tanto em apanhados históricos como também na questão geográfica do
estado, definindo muito bem a realidade do espaço geográfico do estado do Rio
Grande do Norte e a sua influência de forma geral em outras regiões.
O texto
continua seguindo sua linha histórico-geográfica sobre o Rio grande do Norte mostrando
a evolução tanto em questão da divisão do espaço como também nos outros
quesitos mais específicos, para tal informações se utiliza de dados de 1775 até
1991, ou seja, um apanhado de dados bem consistentes. Após as colocações desses
dados sobre a divisão do espaço do RN, o texto começa a tratar sobre uma linha
mais relacionada a questões sociais-econômicas, começando pela base da
problemática das secas e a produção do espaço, o autor é bem direto quanto à
realidade da mesma: “As secas vêm assolando o Nordeste desde o período
anterior à descoberta e colonização portuguesa; há testemunho de sua ocorrência
já no século XVII”, porém devemos ter alguns cuidados sobre as informações
passadas neste capítulo do texto. Devido ao texto ser de 1995 ele tende a
retratar a realidade da seca naquela década, mas, mesmo não sendo tão atual, o
texto em sua maioria ainda consegue abordar fielmente os principais tópicos
relacionadas à seca no estado do Rio Grande do Norte, por exemplo: “Inicialmente,
deve ser levado em conta que 90% do território norte-rio-grandense se encontra
inserido no chamado Polígono das Secas e que estas constituem um grave
problema, pois quase sempre, em cada decênio, ocorre uma seca de grandes
proporções que prejudica as atividades econômicas e flagela as populações.” –
(ANDRADE, 1995).
Em sua
conclusão, o autor Andrade mantém o texto focado na questão do “Espaço
Produzido”, alimentando a discussão sobre o objeto e o resultado do mesmo
dentro do estado do Rio Grande do Norte. Dentro deste capítulo há informações
muito pertinentes sobre a evolução do espaço geográfico em suas vertentes no
estado. Podemos observar que muitas atividades econômicas perderam espaço para
outras no decorrer dos anos no estado, também é demonstrado pelo autor o
crescimento constante da cidade de natal e quais as implicações desse
crescimento no espaço de uma forma geral, principalmente após a 2ª Guerra
Mundial. Mesmo demonstrando o crescimento constante do estado, o autor faz
críticas sobre quem realmente se beneficia de verdade com o crescimento da
economia no estado, demonstrando que muitas vezes apenas grandes grupos
empresariais ou políticos obtém vantagens nos acontecimentos. Para finalizar, o
autor trás suas ressalvas sobre uma possível solução para as problemáticas do
espaço geográfico norte-rio-grandense: “É necessário, tanto em escala
norte-rio-grandense com em escala nacional, uma modificação nos paradigmas
visados pelo planejamento, afim de que se dê primeira prioridade ao homem”
(ANDRADE, 1995), com isso ele quer dizer que além das questões de âmbito
geral é de extrema importância levar em consideração as questões “humanas”, não
deixando o lado econômico se desvincular do social.
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